quarta-feira, 24 de setembro de 2008

À procura de uma geração


Estava lendo essas Cosmopolitans da vida e um artigo me chamou muito a atenção. Uma jovem, de seus 27 anos, dizia que era da geração Sex and the City. Já achei estranho daí, dado a idade dela, o ano de produção da série e patati-patatá. Mas continuei a ler o breve texto que ela dizia que apesar de ser independente, bonita, alegre, sociável, divertida e bem sucedida, não tinha ninguém que se interessasse por ela, e ainda argumentou se não seria por conta disso tudo, ou seja, se os homens não preferem as Amélias às Carries da vida.

Eu acompanho Sex and the City, tenho todas as temporadas, já li o livro e toda aquela coisa de quem realmente gosta da série. A questão é que não sou da geração Sex and the City. Até porque quando a vi pela primeira vez era algo escondido que passava nas madrugadas da HBO. Fui redescobrí-la aos 20 anos, quando tive dinheiro pela primeira vez para comprar um box. O problema não é a geração, não é a independência ou dependência, não é a mudança, não é o feminismo (depois de uma amiga minha me mostrar tanto isso, acabei aceitando a idéia). Nós nos transformamos com o tempo, nós passamos a acompanhar o mercado e tudo que acontecia a nossa volta. Os homens são os mesmos.

É lógico que eles vão preferir alguém que aceite tudo, seja carinhosa, aguente seu stress e que JAMAIS seja uma ameaça a ele. Como conviver com alguém que se disputa o mesmo lugar no trabalho? Óbvio que deve existir uma parcela considerável de casais que conseguem conciliar tudo isso. Mas a vida não é uma série. Não existem Mr. Bigs.

A autora do livro Candance Bushnell mesmo diz que o Mr. Big é um homem idealizado. Afinal, que mulher não queria um homem mais velho, charmoso, bem sucedido, que fumasse charuto e escutasse jazz? Ok, nem todas devem pensar como eu. Mas toda a idealização de um amor é refletida em uma pessoa. Daí, podemos tirar que não é que os homens prefiram as Amélias.

A educação que tivemos foi a de jamais depender de alguém, que cozinha é o lugar de comer, jamais cozinhar; que suas roupas podem ser lavadas na máquina. E o homem continuou sendo servido pela mãe, soltando pipa na porta de casa e aprendendo com o pai o papel de prioridade da casa. Nós mudamos e assustamos. Os papéis se inverteram. As mulheres alfa procuram por homens beta, aqueles que sabem cozinhar, limpar e servir.

E, sinceramente, eu vivo em uma encruzilhada como a garota do artigo. Como ser independente sem assustar? Como viver de acordo com o mundo das business women sem competir com os homens? Ou simplesmente buscamos o amor no lugar errado? Acho que a grande pergunta talvez seja: Onde está o amor?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Eu também tenho uma tribo


Às vezes os estereótipos me cansam. Tá, às vezes não... Quase sempre. Sabe aquela coisa de você ser de um jeito ou se vestir de outro só para fazer parte de um ambiente?? Pois é. E, ainda que eu tenha 20 e poucos anos, Fábio Jr. não me avisou que isso ainda ia existir. Depois dizem que sou velha quando na verdade só sou como sou e aonde vou eu acho a minha saída, parafraseando grande ícone da música pop brasileira, Polegar.

Meu curso me obriga a encarar diariamente esse padrão de vestes. Quanto mais colorido mais dentro você está. Quanto mais monocromático, mais excluído vai ser. Não, estou sendo maldosa. Você vai achar outras pessoas monocromáticas e vai formar um clube dos monocromáticos. Porque parece uma necessidade humana se agarrar àqueles que se parecem com você. Identidade, concordo. Mas há banefícios em todos os grupos.

Hoje não sofro dessa busca por uma tribo talvez por ter passado por todas quando era adolescente. Aos 12 eu parecia menino de bermuda ou macacão e, acreditem, boné estilo Sérgio Malandro. Aos 14, me virei para o lado pequena-Patrícia, com sapatinhos, tênis all-star rosa e tudo combinado. No segundo grau fui hippie, roqueira e skatista. No cursinho, eu era aquela sem tribo, sem identidade e sem rumo. Na faculdade, fui achando que ser sem tribo, sem identidade e sem rumo era a minha tribo.

Por isso, quando enxergo daqui uns 5 anos, tempo em que a maior parte das pessoas da minha geração vão estar trabalhando, penso se eles vão continuar se vestindo padronizados, estilo ABNT mesmo. Porque cá entre nós, essa coisa de admirar o jeito que uma pessoa se veste é bacana. Daí a copiar, é um salto. No máximo, inspirar.
Eis algumas sugestões de estilos padronizados: os óculos na cabeça, bermuda estampada e blusa pólo é um conjuntinho super básico. A argola com diâmetro do pescoço, a calça skinny, bata estampada e sandália plataforma idem. A blusa vermelha, com calça jeans, sapato verde e óculos de acetato brancos idem (2).

Faço lembrar que isso não é um julgamento e, sim, um retrato da geração 1985-1989. Não é que não seguir um grupo ou uma moda me excluem de fazer parte de uma tribo. Eu achei pessoas como eu e juntas formamos um clube. Às vezes, dependendo do dia e do humor, um pouco apático, com peças lisas e básicas. Mas na maior parte das vezes, procurando por mais adeptos ao estilo. Wanna come in?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Eu procuro meu futuro


Depois de quatro dias, várias cochiladas e na segunda tentativa da minha vida, consegui terminar de assistir JFK - A pergunta que não quer calar, de Oliver Stone. Logo me explico: o filme é excelente, mas seu tempo passa das três horas e é pouca ação para muito assunto. E quando acaba, você se sente com um espírito de "eu-posso-ajudar-meu-país".

Para quem não sabe, a obra da sétima arte narra a história real de Jim Garrison, único advogado a abrir um processo contra os assassinos de John Kennedy. O super-ultra é a imagem amadora feito por Abraham Zapruder que mostra o exato momento do assassinato. E ao longo você percebe como ainda tem muito a ser contado por tudo que aconteceu. A frase que mais me marcou foi quando Kevin Costner fala, ao assistir a chamada da morte do ex-presidente americano, que aquele era o dia que ele teve vergonha de ser americano. Depois de ver e assimilar toda aquela história, não mudaria as suas palavras.

Não passo de uma revolucionária do sofá, com várias idéias, argumentos e posições mas que não move um nada para mudar o mundo. A minha posição é que os Estados Unidos criaram uma esfera em que se julgam onipotente. Criam guerras e omitem fatos. Existem aquelas coisas que morrerei sem saber se aconteceu realmente, como as famosas Teorias da Conspiração: o homem realmente pisou na Lua? O ataque às Torres Gêmeas realmente foi executado por ideais de Osama Bin Laden? Por que sabemos tão pouco? E se isso faz falta para uma brasileira, imagino para um norte-americano politicamente engajado.

Eu não acredito muito no que é mostrado. Concordo que como estudante de jornalismo fui programada a perceber que tudo não passa de um corte da realidade, em que prevalecem a visão e os interesses pessoais de quem transmite a informação. Mas certas situações não precisam dessa visão jornalística, são evidentes.

Ontem passou United 93, de Paul Greengrass, na Globo. Eu já o tinha assistido no cinema e quando o vi novamente, pensei em tudo que assisti em JFK e percebi como pouco chega a nós. Tenho de confessar que tenho medo do que ainda pode vir com base no que já foi.

O Brasil passou por situação semelhante durante o período da Ditadura Militar, em que vários documentos foram escritos erroneamente de forma a favorecer o Governo brasileiro e outros ainda foram destruídos. Há alguns anos vimos que muitos desses escritos foram queimados. Eu aprendi na quinta série que História serve, com base analítica do passado, para entender o presente. Se o presente é omitido e o passado é apagado, o que podemos esperar de história no futuro?


 
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