quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O que fazer quando tudo conspira contra?

Tem hora na vida que nada dá certo. Seja no âmbito profissional, emocional, social, legal. Então o jeito é apelar para o modo mais simples e psicológico de se resolver os problemas. Dou umas dicas ótimas, a la Walter Mercado.

Mandinga

Pegue uma pétala de uma margarida, ferva na água durante cinqüenta e sete minutos (o tempo tem de ser preciso pois tudo envolve uma coisa cabalística). Pegue o cadarço do all star azul do seu amado, dê um nó curinga, passe duas voltas ao redor da pétala e use nas axilas durante uma semana direto. Depois desse período, pegue um fio do cabelo da pessoa que estiver afim, dirija-se a algum córrego próximo de sua casa e jogue o produto. Em 9 e 1/2 semanas ele te procurará.

Reza

Essa é a mais simples de toda. Reze durante três dias e três noites suas orações. Independente de sua religião vale odes, mantras, terços... Com fé, tudo se resolve.

Macumba

A mais perigosa de todas. Pegue uma galinha preta, alimente-a de pistache durante três semanas, alise suas penas durante esse tempo pelo menos três vezes ao dia, dê um banho com água morna durante trinta e um minutos, três vezes por semana. Depois disso, vá ao portão da casa de seu ex e entregue ao responsável pelo estabelecimento a bela galinha. Espere ele te ligar perguntando que troço foi aquele. Logo após, retorne à sua casa, pegue a galinha de volta, vá ao granjeiro mais perto e entregue-a ao abate. Em pouco tempo, seu ex terá uma unha do dedão encravada. Essa funciona, de verdade.

Se você achou minhas dicas sem sentido, desencana. Juro que elas apresentam resultados. Experiência pessoal: doeu, machucou, feriu e tiro e queda. Mandinga nele!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O amor não arde, queima


Ela aguardando ansiosa o início da aula e ele procurando qual era sua sala. Mariana tirou a caneta de seu estojo e começou a anotar o que o professor escrevia no quadro. Sentada no quarto lugar da terceira fileira, seu local era estratégico. Estava rodeada de amigos e ao mesmo tempo tão próxima do quadro-negro que ficava impossível não prestar atenção na aula. Coincidentemente, naquele dia 04 de agosto, Sarah, sua melhor amiga, não foi ao primeiro dia de aula. O lugar à sua esquerda estava vago e Hugo, então, se aproximou.
-Alguém sentado aqui?

-Não, hoje não - respondeu sem ao menos levantar os olhos para ver quem perguntava.
-Posso me sentar?
Foi quando resolveu olhar quem a incomodava. Hugo tinha estatura mediana, cabelos castanhos e uma pintinha na bochecha que chamou sua atenção. Já não se sentia segura de si como antes e sem pensar, respondeu:

-Claro...

E o assunto morreu nesse instante. Nunca tinha visto aquele menino, não sabia quem era e muito menos como tinha aparecido em sua aula de francês. Já não conseguia mais se concentrar na aula e tentava olhar para o lado quando ele não estivesse olhando. Mas o máximo que conseguiram trocar de palavras foi um empréstimo de borracha.

Chegou em casa e não conseguia parar de pensar em Hugo. Esperou dois dias para reencontrá-lo e para sua surpresa, ele se sentou no mesmo lugar da aula passada. Desta vez, foi ele quem pareceu nervoso ao conversar com ela. Decidiram passar o intervalo juntos e descobriram muitas semelhanças. Hugo freqüentava a mesma escola que seus irmãos (ele era um ano mais velho), gostava das mesmas músicas, entendia das mesmas coisas. As semelhanças começaram a surgir e ficaram amigos. Muito amigos.

Mariana estava completamente apaixonada. Fechava os olhos e só conseguia ver aquele menino de bermuda caqui, blusa verde e all star vermelho. Sua pintinha na bochecha ressaltava toda a peculiaridade que era. Iam muito ao cinema e passavam a maior parte do tempo juntos.

Foi quando em uma terça a noite, logo depois da aula, resolveram lanchar no shopping. Começaram a conversar de relacionamentos. Hugo tinha 15 e Mariana 14 e nenhum dos dois jamais havia se compromissado seriamente. Começaram a descrever o tipo de pessoa que gostavam, o que ela tinha de ter, como deveria ser. Um silêncio ensurdecedor permeou a conversa. Hugo olhou fixamente nos olhos de Mariana e se aproximou lentamente. Mariana completamente ruborizada olhava em seus olhos imaginando tudo que mudaria a partir daquele momento. Hugo se aproximava e Mariana estagnou no mesmo lugar. Foi quando uma criança escorregou bem próxima ao local onde eles estavam. A mãe do menino começou a gritar, os seguranças rapidamente correram para ajudá-la, o garoto estava desacordado e Hugo e Mariana perplexos não pelo acontecido, mas pelo que poderia vir a acontecer.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Lê meu profile que o albúm foi atualizado


Com salário em conta, nada para ler no momento e paciência para garimpar uma banca, lá fui eu atrás de matérias divertidas e que me entretessem pelo par de horas que enfrentaria sozinha até minha carona chegar. Passeio, olho, vejo as fotos, leio as chamadas e escolho duas: TPM (a última da banca, como foi bem enfatizado pela vendedora) e a Rolling Stone, ambas de agosto. Devo ser a única pessoa na terra que não olha o mês da revista. Erro meu.
Por motivos de saúde, o precioso café foi cortado da minha vida. Então me contentei com um suco. Sentada, fiquei lendo aquele mundo tão dinâmico, único e feliz que é o da TPM. Fui percebendo que em algumas matérias, o Orkut entrava como referência para alguma coisa. Do tipo: No orkut existem mais de 1000 comunidades sobre fulana; No albúm de Ciclana, a foto que mais chama atenção é tal; O integrante da comunidade da beltrana afirmou que seu novo disco é blá blá blá. Foi quando comecei a me questionar como esse site de relacionamentos tomou posse de minha vida (afinal, mentir é feio) e de mais milhões de pessoas, principalmente brasileiros.
Os sintomas do vício são fáceis de serem diagnosticados. A primeira percepção de que o orkut afeta sua vida é quando em uma conversa com uma amiga, ela diz que está namorando. Aí você pergunta: ele tem profile? Pronto. O problema está lançado. Sua amiga liga e te chama para sair. Você diz que vai levar sua máquina para atualizar seu albúm. Dois. Na sala de aula, o professor lança um comentário sobre tal filósofo. Sem medo de ser ameaçada de morte, você estica seu braço, levanta seu dedo indicador, pede a palavra e diz: Professor, tem uma comunidade no orkut que diz "O que fulano faria".
O site virou um sistema de fichas humanas. Quer saber se seu vizinho está namorando? Orkut. Quer saber do que a pessoa gosta? Orkut. Quer saber se fulana brigou com ciclana? Orkut. Quer saber se beltrana faz apologias ao uso de animais em testes de produtos de beleza? Orkut. Quer aprender a cozinhar? Orkut. O mais assustador é ele ser usado como referência em matérias de revistas. Eu, como um protótipo de jornalista, fico amedrontada com isso. É como se todas as Barsas e enciclopédias, fã-clube de cartinhas, livros de receitas dessem seus lugares a redes como Orkut ou sites de informação como Wikipedia, que acreditem, nem tudo que está lá é verdadeiro. Cientificamente provado.
Em um futuro próximo, ladrões não terão mais fichas criminais, terão profiles com depoimentos marcando seus atos. E as fotos, detento 45125756, blusa listrada enfeitando seu albúm. Qualquer novidade, é só ler seus scraps. Afinal, se o orkut disse, está falado.

 
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