quarta-feira, 23 de maio de 2007

Precisamos de um kit


Para quem mora em Taguatinga, como eu, a relação com um carro acaba tornando-se pessoal, em todos os modos. Isso porque tudo é longe de tudo. E o transporte público de Brasília não ajuda, me dando como única alternativa meu carro. O congestionamento acaba sendo parte do meu dia: eu o vejo de manhã, quando vou pra faculdade, a tarde para ir ao trabalho e a noite quando volto. Passo mais tempo com ele do que com qualquer outra pessoa. E acreditem, cinco minutinhos fazem toda a diferença. A relação de Brasília e o trânsito é extremamente peculiar. Não faz diferença em qual cidade satélite você vive, as regras valem para todos.
Meu dia começa 07h30min (e quando digo os minutos, eles são exatos). O comodismo de estudar na cidade onde moro seria um fato positivo, se eu não levasse o mesmo tempo para chegar de quem mora em outro lugar. Isso porque o congestionamento (meu fiel amigo) começa cedo. Bifurcações, faixa da esquerda, luz alta e colando atrás dos veículos, como posso dizer sem ferir o ego dos motoristas, mais lerdos. Quando se está atrasada, a direção defensiva que gastei uma manhã na escolinha para aprender, fica de lado. Assim, aos trancos e barrancos, estou no destino 20 minutos depois.
Mas a saga continua. Exatamente, 13h15min saio para não me atrasar para o serviço. Quando a via se chama Estrutural, vou tranqüila, afinal há espaço para todos. O problema só começa no meio do Eixo Monumental, quando os caminhos alternativos se encontram. O tempo que levei para cruzar toda a Estrutural é o mesmo que gasto no congestionamento da pista. Serviço prestado, é hora de voltar para casa. O desânimo me bate quando já imagino meu fiel amigo me esperando em todas as vias “alternativas” que poderia pegar para chegar em um horário normal em casa: cortando pelo Parque da Cidade, atravessando a W3, indo pelo Eixo. Todas essas pistas estão lotadas. O jeito é encarar. Recomendo um kit básico: música calma, paciência e deixe para pensar no seu dia no congestionamento. Acredite: você terá muito tempo para isso. Eu, dependendo do dia, tenho uma hora para isso, o que é suficiente.
A idéia que tenho é se aqui em Brasília a situação já está caótica, imaginem São Paulo em que até um rodízio de carro lá tem?! Tudo seria mais fácil se os fabricantes de veículos criassem um dispositivo que acionasse uma luz vermelha avisando que o trânsito andou. Assim, poderíamos trabalhar dentro do nosso automóvel. Mas para isso o governo então implantaria uma rede wireless cobrindo toda a capital e baratearia o preço dos notebooks. Todas as rádios fariam um programa de música clássica e pequenas quantidades de calmantes estariam presentes na água potável de Brasília. Enquanto a tecnologia não avança a esse ponto e o governo não toma tais medidas para amenizar o extenso trânsito, o jeito é pegar nosso kit e rumar ao destino final.

 
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