sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Eles também são um pouco de mim


Talvez eu me arrependa deste texto daqui alguns anos ou talvez ele me faça relembrar uma pessoa que pelo tempo pode estar diferente e não ter as mesmas sensações que tinha aos 23. Ou talvez essa seja só uma forma de desabafar, deixando um pouco a veia jornalística de lado e apresentando um pouco mais da Laura.

Enfim, todos que me conhecem sabem da paixão que tenho por cachorros. E qualquer um. Sou daquelas incovenientes que passam a mão na cabeça de um ser canino na coleira de alguém com pressa. Devido a uma casa com regras e limites, nunca tive muitos, mas os poucos que passaram na minha vida fizeram (e ainda fazem) toda a diferença.

1989. Quando completei quatro anos, surgiu o Radar na minha vida. Um tipo atleta que corria junto com meu pai, ótima forma, sério na sua maneira e uma mistura interessantíssima de chihuahua com pinscher. Sofreu muito nas minhas mãos quando era obrigado a brincar de ciranda com uma criança que acreditava que cachorros eram seres bípedes. Foi um cão viajado, família e atencioso. Daqueles que valem a pena lembrar como o nosso primeiro. Quando Radarzinho já estava com sete anos, decidimos que era hora de ele ter uma companheira. E ele mesmo quem escolheu.

1995. Nazila apareceu para mudar completamente minha teoria sobre cachorros. Ela é única. Saltava mais de um metro do chão (o que garantiria uma vaga em qualquer Olimpíada devido a ser uma pinscher não tão grande assim), ia com o focinho embaixo da sua mão quando você já não fazia mais carinho, te protegia de tal forma que você era capaz de acreditar que aquele ser de 20 cm poderia realmente cessar qualquer comportamento suspeito. Foi o cachorro mais peculiar que eu já conheci. E de uma forma extremamente positiva. Seu apetite voraz, sua crença de que era o macho da sua relação com o Radar, seu olhar pidão que te fazia ceder mesmo o último pedaço de pão. Tudo isso faz da Nazilinha a coisinha mais especial que pela própria escolha do Radar apareceu na minha vida.

2007. Radarzinho já com 18 anos, sem dentes, sem audição e um pouco de visão parte dessa para o limbo canino. E essa partida foi de uma serenidade tão grande que realmente foi a conclusão de tudo. Depois me apeguei demais à Nazilinha, seja pela falta que o Radar fazia em nossas vidas seja pela forma especial como ela me deu aquele apoio que só quem tem cachorro sabe do que eu falo.

2008. Nazilinha está com sopro no coração. E isso faz com que o sangue não circule muito bem, seus pulmões se encham de água e ela tenha dificuldade de respirar. Essa situação tem cinco dias e foi tão rápida que ainda é difícil assimilar a minha cachorra que há uma semana estava pulando em cima da minha cama e esta, que me olha de uma forma que não consigo explicar. E de uma forma que me faz entender como somos impotentes perante o sistema da vida.

Pode parecer um texto exagerado, mas é simplesmente aquilo que escrevo com uma dor que tento suprir com a presença do Monet, essa mistura de cocker com pinscher que nem eu entendi como chegou na hora exata. Eu só tenho a agradecer pela presença de seres tão minúsculos mas se tanta importância desde meus quatro anos. Nazilinha ainda está comigo em vida e daqui a pouco fará parte da Cassiopéia de minha vida.

2 delírios:

Olívia Florência disse...

Não é pro limbo que os cães vão, não sabes que Todos os Cães Merecem o Céu. Adoro esse filme e lembro de você quando o vejo. É pra lá que a Nazila vai Laura ;)fica tranquila.

Anônimo disse...

sabe laurinha, para mim voce sò faz confirmar o que sempre pensei, ès de uma sensibilidade enorme.Quem tem este carinho e amizade por estes seres as vezes tão abandonados sò merece minha admiracão.
beijos, te amo muito
tia dita

 
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