terça-feira, 11 de março de 2008

Vergonha, ah, a vergonha



Como não nascemos em um mundo individualizado, não bastasse nós passarmos por situações constrangedoras, há aqueles que nos passem vergonha. Isso não inclui parentesco ou algum outro tipo de relação pessoal. Basta estar no mesmo ambiente que essa pessoa. Pensando nesse assunto tão discutido entre os cientistas, resolvi fazer mais uma listinha (porque nem gosto muito dessa coisa de enumeração). Prontos?


  1. Existe coisa pior do que uma pessoa que divide o mesmo lugar que você no ônibus ou no metrô atender o celular com uma voz capaz de ultrapassar as barreiras do tempo e espaço para assim chegar diretamente à pessoa do outro lado da linha? Sim, e essa situação é daquelas que em uma roda de bar, você diz: "Ah, já passei por isso!". Pelas últimas estatísticas do IBGE, 98,76% dos brasileiros já passaram por isso. Lamentável. Você perde seu chão, os gritos te ensurdecem e você tenta escapulir da situação tentando se misturar com o banco. Obviamente, não consegue e em um piscar de olhos, de mera passageira, você passa a amiga do indivíduo, daqueles que todos apontam no outro dia e comentam: Essa é a amiga daquele cara que não sabe falar no celular.
  2. Músicas comprometedoras em dias comprometedores não é a melhor mistura. O eterno e lamentável "Com Quem Será" embala as canções de parabéns há milhares de anos. Se você é solteira, rapidamente lhe encontram um par romântico com direito a happy ever after. A grande questão é que ele pode nem saber da sua existência, ou ele pode ser inexistente preenchendo o requisito básico do achei-ele-bonitinho. Agora se você tem um namorado há mais de três anos, desenrola filhota. Você percebe que a situação está crítica quando já não cantam mais essa musiquinha no seu aniversário.
  3. Acenos são sempre impessoais, algumas vezes no sentido literal mesmo. Lá está a rua e lá está você. E mais adiante está uma pessoa ainda não identificada. Um amigo? Um parente? Um conhecido? Enfim, ele te acena. Receoso de que possa estar míope e que não responder implica na ausência de gentileza, acena de volta. E olha que bacana: a outra pessoa ri. Você logo pensa: "Esse é do peito, deixa eu só chegar mais perto". Quando, surpreendentemente, uma pessoa passa rapidamente do seu lado e abraça aquele tão distante ser-humano. Sim, pegadinha do João Kléber.
  4. Ok, o próximo pode até ser pobreza de espírito. Mas tem coisa mais chata que responder uma pergunta que te fazem que você tinha certeza de que estava certo e a pessoa do lado carregar uma Barsa e te corrigir na frente de todo mundo? Chato, muito chato. Você fica imaginando se daqui uns dias eles não vão te excluir por você ser burro. Porque a vida é assim: você pode fazer as coisas certas a vida inteira, mas avacalha uma vez para ver onde vai parar. O segredo é ter persuasão. Continuar acreditando em si mesmo. E se ele prova, você desprova. Não existiria tese sem antítese, certo alunos?
  5. O último, mas não menos clichemente importante, o tombo. Sim, esses que não escolhem hora nem lugar, pessoa nem animal e que, indiscutivelmente são os mais engraçados (para quem assiste, óbvio). Sabe aquela plataforma novinha? Aproveite para usar em casa. Chuva traz buraco até para nós, pedestres. Andar sem tropeçar ou torcer o pé é quase tarefa impossível, até para o lendário Miyagi. O sucesso de um tombo não ser tão vergonhoso (porque não posso mentir, TODOS nos passam vergonhas) é rir. Finja que se divertiu com tudo aquilo. As pessoas te olharão e dirão: "Que louca". Antes louca que envergonhada.

3 delírios:

Mônica Plaza disse...

Pior eh quando vc já tem vergonha de falar e de articular na frente de td mundo, e neguinho ainda fica malhando dos seus tiques nervosos.

Gui Rosa disse...

Qual seria a graça de andar na rua e das festinhas de família se não fossem essas tragédias?

Anônimo disse...

Experimente um tombo antes do seu primeiro dia de trabalho, onde você descobre que teve o contrato cancelado. Vergonha ao quadrado.

 
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