quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Lê meu profile que o albúm foi atualizado


Com salário em conta, nada para ler no momento e paciência para garimpar uma banca, lá fui eu atrás de matérias divertidas e que me entretessem pelo par de horas que enfrentaria sozinha até minha carona chegar. Passeio, olho, vejo as fotos, leio as chamadas e escolho duas: TPM (a última da banca, como foi bem enfatizado pela vendedora) e a Rolling Stone, ambas de agosto. Devo ser a única pessoa na terra que não olha o mês da revista. Erro meu.
Por motivos de saúde, o precioso café foi cortado da minha vida. Então me contentei com um suco. Sentada, fiquei lendo aquele mundo tão dinâmico, único e feliz que é o da TPM. Fui percebendo que em algumas matérias, o Orkut entrava como referência para alguma coisa. Do tipo: No orkut existem mais de 1000 comunidades sobre fulana; No albúm de Ciclana, a foto que mais chama atenção é tal; O integrante da comunidade da beltrana afirmou que seu novo disco é blá blá blá. Foi quando comecei a me questionar como esse site de relacionamentos tomou posse de minha vida (afinal, mentir é feio) e de mais milhões de pessoas, principalmente brasileiros.
Os sintomas do vício são fáceis de serem diagnosticados. A primeira percepção de que o orkut afeta sua vida é quando em uma conversa com uma amiga, ela diz que está namorando. Aí você pergunta: ele tem profile? Pronto. O problema está lançado. Sua amiga liga e te chama para sair. Você diz que vai levar sua máquina para atualizar seu albúm. Dois. Na sala de aula, o professor lança um comentário sobre tal filósofo. Sem medo de ser ameaçada de morte, você estica seu braço, levanta seu dedo indicador, pede a palavra e diz: Professor, tem uma comunidade no orkut que diz "O que fulano faria".
O site virou um sistema de fichas humanas. Quer saber se seu vizinho está namorando? Orkut. Quer saber do que a pessoa gosta? Orkut. Quer saber se fulana brigou com ciclana? Orkut. Quer saber se beltrana faz apologias ao uso de animais em testes de produtos de beleza? Orkut. Quer aprender a cozinhar? Orkut. O mais assustador é ele ser usado como referência em matérias de revistas. Eu, como um protótipo de jornalista, fico amedrontada com isso. É como se todas as Barsas e enciclopédias, fã-clube de cartinhas, livros de receitas dessem seus lugares a redes como Orkut ou sites de informação como Wikipedia, que acreditem, nem tudo que está lá é verdadeiro. Cientificamente provado.
Em um futuro próximo, ladrões não terão mais fichas criminais, terão profiles com depoimentos marcando seus atos. E as fotos, detento 45125756, blusa listrada enfeitando seu albúm. Qualquer novidade, é só ler seus scraps. Afinal, se o orkut disse, está falado.

1 delírios:

Unknown disse...

eita, q dessa vez vc tava inspirada... No ponto Laurete... Assim, q são feitas as crônicas, por meio das percepções do cotidiano. Adorei a referênia a comuna do Kant!!! hehe
Cheiro minha foxuxa!

 
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